Acredita que o papel da SPPCV no diagnóstico e tratamento de patologias da coluna é fundamental de modo a criar condutas uniformes. Foi por esta razão que com entusiasmo o ortopedista Carlos Jardim se juntou a esta sociedade científica.
Atualmente, Carlos Jardim, responsável pelo Setor de Patologia da Coluna do Serviço de Ortopedia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra desde 2010, sente um orgulho imenso de ser sócio fundador e ex-presidente da SPPCV.
Há quanto tempo é sócio da SPPCV?
Carlos Jardim (CJ) – Sou sócio fundador da SPPCV e como tal estive desde o início ativamente envolvido na vida desta sociedade científica. Acompanhei com grande entusiasmo a iniciativa audaciosa do Dr. Cannas da Silva, disponibilizando-lhe desde logo e de uma forma incondicional todo o meu apoio.
Qual o balanço que faz do seu mandato enquanto presidente da Direção, no biénio 2013/2014? Foi uma boa experiência?
CJ –Tenho a convicção de que o balanço foi positivo, apesar de ter a certeza de que muito mais poderia ter sido feito.
A vida duma sociedade científica desenvolve-se por etapas bem distintas, cabendo às diversas direções a responsabilidade de assumir e realizar as tarefas que no respectivo período do exercício se impõem, condicionada naturalmente pelas circunstâncias envolventes.
Existia nessa altura a necessidade de continuar o trabalho desenvolvido pelas anteriores direções na consolidação da SPPCV no contexto das sociedades médicas nacionais e internacionais, internamente junto dos colégios das especialidades de neurocirurgia e de ortopedia, externamente consolidando os laços já estabelecidos com a Sociedade Brasileira da Coluna, afirmando a posição da nossa Sociedade no âmbito da Sociedade Ibero-Americana da Coluna à qual havíamos aderido recentemente e iniciar um relacionamento estreito e profícuo com a Sociedade Espanhola de Coluna Vertebral e com a EuroSpine (Sociedade Europeia da Coluna).
O que o levou a assumir a presidência desta sociedade científica?
CJ – O entusiasmo e a convicção do importante papel desta Sociedade científica no contexto do diagnóstico e do tratamento da patologia da coluna vertebral em Portugal, divulgando conhecimentos e procurando consensualmente padronizar condutas.
Em que sentido a SPPCV tem contribuído para a evolução e desenvolvimento do tratamento e do seguimento dos doentes com patologia da coluna em Portugal?
CJ – Através de inúmeras ações informativas tem contribuído junto da população para a sensibilização e para o esclarecimento cabal acerca das medidas profiláticas e terapêuticas relativas a uma faixa importante das doenças que mais frequentemente atingem a coluna vertebral.
Através das regulares reuniões científicas, com cariz nacional e internacional, a SPPCV tem junto dos seus associados procurado divulgar conhecimentos científicos actualizados, apresentar experiências pessoais ou de grupo e discutir entre si soluções terapêuticas com o objetivo único de melhorar qualitativamente a assistência médica aos doentes portadores de patologia da coluna vertebral.
Quais os principais desafios que se colocam atualmente a esta área?
CJ – A terapêutica cirúrgica da coluna vertebral evoluiu meteoricamente nos 15 últimos anos, sobretudo pelo aparecimento de instrumentais e implantes mais evoluídos, pelo desenvolvimento de técnicas cirúrgicas mais adequadas ao tratamento das diversas patologias e principalmente pelo melhor entendimento etiopatogénico destas doenças e pela mais refinada execução cirúrgica.
Contudo com a constante germinação de múltiplas técnicas e instrumentais para o tratamento cirúrgico das várias entidades patológicas que afetam a coluna vertebral, deveremos ser prudentes e evitar o “deslumbramento” por tudo o que sendo novo difere no essencial apenas ligeiramente do que já existe, procurando de forma criteriosa adequar as diversas técnicas disponíveis ao contexto patológico que pretendemos tratar, fundamentados no nosso saber e na nossa experiência.
Penso que o grande desafio num futuro próximo, além das terapêuticas biológicas comuns à generalidade das especialidades médicas e cirúrgicas, será no que respeita à cirurgia da coluna vertebral a capacidade de seleccionar a terapêutica mais acertada para uma dada patologia e para um dado doente.
Ao doente continuará em última análise a interessar simplesmente o resultado clínico final obtido com a cirurgia, independentemente do procedimento cirúrgico utilizado pelo cirurgião.
Qual o balanço que faz destes cerca de 16 anos de SPPCV? Os nossos doentes são bem tratados em Portugal?
CJ – Penso que atualmente a generalidade dos doentes é bem tratada.
A cirurgia da coluna, se realizada corretamente, assegura hoje resultados excelentes na generalidade das patologias que afetam a coluna vertebral.
Passou-se duma época em que eram escassos os bons resultados e muitas as complicações cirúrgicas, para uma época actual em que raramente ocorrem complicações sérias e na generalidade dos casos os resultados são muito gratificantes.
Neste particular aspeto, a Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral tem desempenhado um papel primordial.
É por estes factos que me orgulho imenso de ser sócio fundador e de ter sido presidente desta sociedade científica.