Más posturas no trabalho aumentam o risco de lombalgia

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Setembro é o mês do regresso ao trabalho. Após alguns dias ou semanas de férias voltamos ao nosso local de trabalho com uma nova energia, mas há coisas que tendem a não mudar: os maus hábitos. Falo especificamente dos comportamentos ou posturas incorretas que acarretam consequências para a nossa coluna, entre elas a lombalgia.

Comumente conhecida como “dor nas costas”, a lombalgia carateriza-se por uma dor, tensão ou desconforto na região lombar inferior (área da coluna próxima da bacia), com ou sem irradiação para os membros inferiores. Estima-se que perto de 80 por cento das pessoas tenham pelo menos um episódio de dor lombar ao longo da sua vida, podendo esta ser causada por uma doença da coluna (na sua maioria degenerativa, como é o caso da osteoporose), por um acidente, por esforço, por más posturas, entre outros.

Existem três tipos de lombalgia: a lombalgia aguda, que ocorre quando a dor intensa surge subitamente e tem uma duração máxima de 6 semanas; a lombalgia subaguda, em que a dor permanece entre 6 a 12 semanas; e a lombalgia crónica, na qual a dor se agrava e tem uma duração superior a 12 semanas.

A sua classificação é importante para a adequação do tratamento, que inclui, sobretudo, repouso, administração de medicação anti-inflamatória e sessões de fisioterapia. Só em casos muito raros e crónicos é feita uma intervenção cirúrgica.

O local de trabalho é um dos principais fatores de risco.

As dores nas costas surgem muitas vezes como consequência do trabalho diário que executamos. Por um lado, existem profissões que implicam um esforço físico elevado, sobretudo na carga de objetos pesados. Por outro lado, a maioria das profissões implicam estar sentado em frente a uma secretária pelo menos 8 horas por dia, de forma contínua e com posturas pouco corretas para a saúde da nossa coluna. A acrescentar a estes fatores estão ainda o stress relacionado com o trabalho, a ansiedade, a depressão, o processo de envelhecimento, o sedentarismo, a obesidade e o tabagismo.

Apesar de passageira na maioria dos casos, a lombalgia manifesta-se de forma intensa e até mesmo incapacitante, prejudicando a qualidade de vida e de trabalho da pessoa. Para além disso, esta dor é também uma das principais causas de ida ao médico e ausência do trabalho.

Melhorar a postura reduz o risco de sofrer de lombalgia.

O primeiro passo para combater a lombalgia é a sua prevenção. Apesar de não conseguirmos evitar na totalidade o seu aparecimento, é possível reduzir o risco através da correção dos seguintes fatores: adotar uma alimentação saudável, por forma a controlar o seu peso; praticar atividade física regularmente, com caminhar, correr, andar de bicicleta ou fazer natação; fazer exercícios como o yoga, que ajudam a fortalecer a musculatura vertebral, a promover a elasticidade, e a reduzir os níveis de stress; e não fumar.

Já no local de trabalho, deverá mudar alguns dos seus comportamentos e corrigir a postura:

  • Evite carregar com pesos muito elevados e, quando tiver de mover objetos pousados no chão, opte por fletir as pernas ao invés de dobrar as costas;
  • Quando está sentado, mantenha a coluna direita e encostada às costas da cadeira, sem esquecer que os pés devem estar pousados no chão e os joelhos deverão estar fletidos num ângulo de 90°;
  • Se trabalha com um computador, coloque o monitor ao nível dos olhos e à distância do comprimento do braço;
  • Coloque o teclado e o rato perto de si, assim como outros objetos que utiliza com frequência;
  • Se tiver de trabalhar e falar ao telefone em simultâneo, use um par de auscultadores ou auriculares, de modo a evitar segurar o telemóvel ou telefone entre o ombro e a cabeça;
  • Para evitar estar na mesma posição durante muito tempo, levante-se a cada hora, e aproveite para fazer alguns alongamentos (o mesmo se aplica para as profissões que requerem uma condução automóvel contínua);
  • No caso das mulheres, evite ao máximo a utilização de calçado com salto alto;
  • Quando caminhar, mantenha a cabeça e o tronco direitos e distribua o peso de igual forma pelas duas pernas.
Artigo de opinião de Miguel Casimiro, neurocirurgião e presidente da SPPCV

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